Que és tu Direito, que não a derradeira forma de buscar harmonizar uma sociedade tão divergente quanto a nossa? Algo tão belo e indescritível, suas multifacetas se dividem em ângulos inimagináveis, em infinitas teorias que buscam explicar o que não pode ser explicado.
Serás tu a solução de uma sociedade que se move mais arduamente pela busca de problemas do que por suas soluções? Tratas desde o nascimento até a morte do ser humano, perpassa por caminhos até então insondáveis, busca aperfeiçoar o que nunca chegará a perfeição, se utiliza da utopia não como um objetivo, mas sim como um meio de nunca se esquecer o caminho a ser trilhado pelos bons.
Extinguir-te é como suprimir o ar que enche nossos pulmões, causa a morte compulsória, assim como o ar está para os pulmões, o Direito está para a sobrevivência em sociedade, desde a sua ideia mais rudimentar. O fogo nos aquece, o Direito nos resguarda; resguarda dos males mais obscuros imagináveis, perpetrados no âmago da perversidade humana.
Por que então reclamamos tanto de ti, de sua inefetividade e seu simbolismo? Porque sabemos que é a fagulha de esperança para um mundo melhor, que sua força pode mover multidões, pode derrubar tiranos e remodelar o que se imaginava imutável. Assim como sentimentalistas rogam para que o amor mude todas as coisas ruins desse mundo, racionalistas rogam para que o Direito encontre o ponto de equilíbrio necessário para um mundo justo.
Desvirtuar-lhe não significa somente uma perda, mas muito mais do que isso, significa um atraso em um ciclo universal, a mitigação da esperança humana, o crescimento da descrença e da revolta espiritual. Fugir do caminho certo é o primeiro passo para se afogar em um horizonte perpetrado de escuridão.
Existem coisas que nos foram dadas por Deus no intuito de que melhorássemos o mundo por nossa conta, sem dúvidas o Direito foi uma das obras mais brilhantes e eternas que recebemos para atingir esse fim!